quinta-feira, 4 de novembro de 2010

BISPO CATÓLICO, MAIOR OPOSITOR DE DILMA ROUSSEF E DO PT, ANALISA O RESULTADO DA ELEIÇÃO PRESIDENCIAL.

Extraído do Estado de São Paulo.

Em carta aos fiéis, D. Luiz Bergonzini, da Diocese de Guarulhos, afirma que 'nova consciência do povo' inibirá políticos que defendem o aborto.


"E o evangelho da vida foi o grande vencedor", anuncia a carta de três páginas que d. Luiz Gonzaga Bergonzini, bispo da Diocese de Guarulhos, mandou ler a todos os fiéis nas missas de ontem celebradas em 36 paróquias de seu reduto.

Artífice da reação da Igreja contra o aborto, d. Luiz reputa vitorioso o movimento que desencadeou em julho e que tanto incomodou Dilma Rousseff, candidata do PT à Presidência.

Inconformado com decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que confiscou 1 milhão de cópias do folheto "apelo a todos os brasileiros" - mensagem de sua lavra contra a interrupção da gravidez -, o bispo fez da epístola ontem distribuída a 40 padres estratégia para superar o que classifica de censura.

Sua mensagem aponta para o PT e para Dilma. "Daqui por diante, qualquer líder político, nos cargos executivos ou legislativos, seja no nível municipal, estadual ou federal, quando for tratar dessa matéria que tange a defesa ou a destruição da vida, dar-se-á conta de que agora há no Brasil um povo que tem uma opinião solidamente formada sobre o assunto."

Invoca o Apocalipse. "Os políticos devem saber que há uma Igreja que, unida a outras denominações religiosas, continuará combatendo em defesa da vida, com o rugido do "Leão de Judá", impedindo que os valores humanos fundamentais sejam tratados com o descaso que até então se fez. A nova consciência do povo brasileiro atravessará esse e os próximos governos."

Ao seu rebanho expôs os motivos do sermão. "Tomei a decisão de escrever-vos e partilhar a verdade daquilo que aconteceu e está acontecendo, a fim de sanar as inúmeras dúvidas para que a paz e a serenidade se restabeleçam em vossos corações."

Escreve que "por consciência cristã e dever de pastor de Deus" iniciou em julho uma batalha pela vida. "Tendo tomado conhecimento, após criteriosa pesquisa, dos projetos do PT para legalizar o aborto, permitindo a sua prática na rede SUS, recomendei a todos que não deem voto a candidato ou partidos políticos que sejam a favor da legalização e descriminalização dessa prática."

Está convencido de que o pleito presidencial foi para o segundo turno por causa de seu brado. "O povo quis refletir melhor sobre o que realmente pensam os candidatos sobre o princípio bíblico "Não matarás". O povo começou a discutir o assunto. A falácia de que o aborto é caso de saúde pública perdeu a eficácia e sua real definição se impôs: aborto é assassinato de indefeso."

Aos 74 anos de idade, 51 de ordenação, d. Luiz crê estar "vivendo o calvário do Senhor". Atribui a seguidores de Dilma Rousseff e de seu partido blasfêmias das quais alega ser alvo. "Por iniciativa da candidata Dilma e o PT, o documento "apelo a todos os brasileiros" foi denunciado como propaganda política. Os exemplares do documento eclesiástico foram apreendidos e a candidata e o PT sugeriram que eu estava cometendo crime político", assinala d. Luiz.

Ao final de sua carta, reitera. "Não deis vosso voto a candidatos que sejam a favor da legalização e descriminalização do aborto."

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